SABEDORIA

Aprender a amar as coisas que o tique-taque das horas naufragou porque pensávamos que o mundo cabia em nossas mãos e comemos, bebemos, banhamo-nos das realizações vãs acreditando ser o melhor pra nós.

Sentir o aperto das mãos que a urgência das conquistas ignorou,

abraçar o nascer e deitar do sol e guardar um pouco desse calor pra

desfrutar ao luar com quem reclama nossa ausência.

Perceber o momento em que as frutas precisam ser colhidas,

abrindo os poros e deixando a brisa arejar as células da alegria é

tecer as curvas da vida sem pressa, palmeando a estrada com os

pés nus, porque o salto dói as juntas e enrijece o espírito.

Entardecer com sabedoria é viver agora, degustar cada segundo do tempo, ao lado dos amores que nossa caminhada escolheu, dedilhar a poesia do sentido real de tudo, separar o importante do supérfluo

e fazer a tecnologia das mãos produzir o artesanato do afeto em detrimento das garras artificiais que apenas fabricam lucros.

Entender que o trem da história não passa só uma vez,

sempre nos dará outra oportunidade para fechar a ferida que abrimos,

acender o sorriso que apagamos.

Envelhecer com sensatez é viver um dia de cada vez, morder, mastigar até sentir o pleno sabor das seivas, distinguindo o paladar individual,

indissolúvel de cada pétala dessa grande rosa chamada vida.

Orlando Alves Ribeiro
Enviado por Orlando Alves Ribeiro em 12/07/2020
Reeditado em 03/11/2021
Código do texto: T7003336
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