Restos
O que era aquela paisagem senão uma pintura que já existia antes mesmo de ser pintada?
Cada pincelada simbolizava aquilo que o criador não conhecia mas sabia que estava lá.
Cada toque se fazia sentir e os seus olhos e as suas mãos se aferravam a cada detalhe daquele quadro quase real captado através daquela janela.
As cores se mesclavam, outras surgiam, algo ganhava vida, morria e renascia.
Os que a contemplavam as vezes se alegravam, noutras se entristeciam.
E aquela vontade que pulsava forte encontrava saída através daquele pincel, era um outro modo de falar.
Havia algo distinto cada vez que ele a olhava, não era possível sentir o mesmo e ele sabia no seu íntimo que precisava seguir pintando pois para ele era sempre mais difícil esquecer o começo do que não suportar o final.