ESTAR VIVO e SUAVE CANÇÃO

Estar vivo não é estar só,

aqui, comigo,

é estar aí, contigo,

juntos estarmos em todos os abrigos

onde se escondem os que amam além das fronteiras,

os que são feridos por lutarem pela beleza

da liberdade dos encarcerados,

pelos que são livres mesmo que com pulsos algemados,

uma luta injusta pela posse do aço,

os que querem oferecer seus abraços...

Estar vivo não é só pulsar o quasar,

mirar, lá longe, o tão esperado mar,

mas, sim, ser bússola no colo da tempestade,

avistar a terra que a tanto ansiamos,

fazer um acordo com o sono

e, mesmo que vagarosamente,

fazer o homem despertar

para tudo que está a sua volta,

desde o grão de terra que se erguerá,

ao celeste céu de mil histórias,

sair ileso do torpor de eras,

sentir, querer, sorrir, amar...

SUAVE CANÇÃO

O amor, se for pedra,

estou a poli-la, agudas arestas,

mesmo que se torne pontuda,

pronta para arco e flecha...

O amor, se for barro,

do chão o apanho, ergo,

o transmuto em belo jarro,

tudo de dentro dele bebo...

Coisas terríveis existem na vida,

uma delas não é o amor,

imagine um prato sem comida,

o mesmo jarro, sem flor...

O amor, se for silêncio,

não explica o som do coração,

o canto eterno do sentimento

além desta suave canção...