NO CHÃO DA VIDA

Qui ser médico de branco

mas vi o sangue no hospital

o torto o reto o manco

mudei para paranormal...

Disseram que descia o espírito

e eu devia responder

suavemente ou aos gritos

que ele podia descer...

Larguei mão e fui ser pião

a montar num cavalo baio

oito segundos nem deu não

fiquei no caio ou não caio...

Fui ser guia de montanha

e escorreguei na ribanceira

escapei de ter nas entranhas

uma lasca de aroeira...

Me meti na política

para ser um vereador

mas era muita titica

fui ser professor...

De um aluno quase apanho

de outro levo um sopapo

pensando em perda e ganho

disseram - corre se não te capo!

Por fim deixei toda essa correria

e fui viver com o que podia

deitei grafite no chão da vida

e vivo de escrever poesia...