Nada

Fiquei nada, cheio de poeira e cicatrizes, se eram coisas que perdi, agora estou leve, mais um, dos inúmeros tombos do caminho.

Fiquei mais velho, sem aniversários, puta aula intensiva de vida.

Nem carro velho, nem uma parceira, fiquei nada mesmo.

Sento dentro de mim, só vejo silêncio.

Paredes velhas, o pó da réstia, aqueles livros...

Não tenho memórias, somente o silêncio, este queima como febre.

Parece tudo, como não querer ir para nenhum lugar, o vácuo do nada.

Fiquei nada, não parti, não lutei, não criei um evento para a queda, dormi, acordei espírito, sem coisas, nem afetos, nem sombras ou cantos, sumi, e nem memórias sobraram.

Acho que me desligaram.

Não deu tempo de dizer adeus.