TEMPO DE ESPERA

A folha se arranja com o vento

e dorme de lado,

os ponteiros, juntos ao meio-dia,

ao tempo sorriem, abraçados...

Eu, longe de ti uma légua e meia,

sem cavalo, arreio ou bridão,

me torno barco e chego à areia

no teu cais, do teu coração...

A voz, que se mistura ao rangido,

que serve ao rondó de cunho provençal,

pousa feito nota perfeita no ouvido

de quem ama, amará ou amou até o final...

Eu, parado no topo da espera,

espero que pare a carruagem

para que me leve contigo, oh bela,

juntos feitos pombinhos nessa viagem...

O tempo, encanecido e balbuciante,

já não mede nem mesmo o que perdeu,

resto de horas de eras quiçá distantes,

onde a mãe do tempo, viva, morreu...