ESTA POESIA

Ah...quanto eu faria se dono do mundo fosse,

te devolveria a vida roubada no ninho,

aos pequenos daria uma cesta de doces,

ao embriagado poeta uma garrafa de vinho...

Faria trocar o escuro pela rua iluminada,

em cada esquina poria um sinal de aviso,

para que alcançasses o céu te daria a escada,

para cada choro noturno um ombro amigo...

Pediria aos doutos que ensinassem-te a ler

os poetas graciosos e os que ferem também,

em tua mesa o prato quente para teu comer,

à tua volta almas bondosas dizendo amém...

Faria mais ainda, te devolveria a certeza do futuro,

pediria a um santo de plantão que lavasse teus pés,

em teus olhos embaçados pingaria o colírio mais puro,

desejaria que se tornasse como foi, o que seria, o que és...

Em tua velhice de esquecer o cansaço do trabalho

te daria a cadeira de balanço e cantando te balançaria,

o teu cobertor te cobriria das gotas do doce orvalho,

em teus ouvidos um anjo celeste diria esta poesia...