QUANDO ESCREVO
Quando escrevo
meto o dedo
no coração da palavra,
ela treme, ri, arfa,
dá, cede, pede
um relaxante verso,
um prosaico complexo
é demolido:
só a poesia faz sentido
no poema comprimido
dentro da ode:
vê se pode...
Quando escrevo
guardo qualquer tipo de medo,
humano ou não,
de escorregar em tercinas,
espatifar no chão
as palavras meninas,
virgens e despudoradas,
cada qual já grafitadas...
Quando escrevo
não importa se tarde ou cedo,
venho de uma prole
de mendigos
que sai pelas ruas
pedindo palavras
para estarem cá
comigo...