CASA BRANCA

Eu tenho tirado a água que se encosta à minha porta

e tenta entrar,

tento tirar os restos mortais das árvores

e elas não saem,

tentando entrar e criar raízes

dentro da minha casa branca,

tentado tenho apagar os vestígios do que fui

e as imagens dos meus arquétipos que voam,

quanto mais digo que fecho as portas

mais batem com os nós dos dedos,

apago a música da pauta elétrica

e os cânticos ecoam

e tentam entrar pela varanda,

ouço risos e sussurros

tentando entrar,

quanto mais crio exércitos

eles desfalecem na lama do quintal,

os dias se vão levados pelas estações,

abri meu coração para a poesia

e eles tentaram entrar:

daí nunca mais abro um livro...