LIBERDADE

Minha patroa é a liberdade.

Não sou negro, branco mutilado, nem escravo,

sou apenas, nessa grande mesa de jogos, um dado;

ela não me manda fazer nada, apenas aponta,

ali está sua estrada, vá, siga seu caminho,

me diz para estar com os outros, nunca sozinho,

nada me cobra, nenhum tipo de imposto,

olha dentro dos meus olhos, afaga meu rosto,

a levo comigo dentro do coração,

sorri, sabe dos perigos da ilusão...

A vida na cidade é um tanto quanto ardilosa,

parece uma grande reunião de pessoas atarefadas,

muitas agem dentro das leis estabelecidas,

outras, que cambaleiam pelo meio-fio,

jogam o jogo mais perigoso com suas vidas,

mordem umas às outras como cães famintos,

escrevem poesia nas estrelas como pichadores,

umas morrem à míngua, outras de amores...

Eu, em quem a liberdade depositou suas esperanças,

caminho sobre o fio da espada aprendendo a voar,

não hesito quando a luta me cobra mais ação,

minha condição humana me ensina que lutar

é o que liberta as forças do coração...