Na Estrada Recreio dos Bandeirantes
Desmatadas
As árvores de minha cidade estão cansadas
Isoladas no meio do cimento e asfalto
Vulneráveis à tempestade da tarde
Que as desmorona, as quebra
Sufocadas pelos pós das chaminés
Pelos gases poluentes dos automóveis
Pelas gambiarras energizadas
E pelos homens vorazes dos cartazes
Suas raízes estão a se enfraquecer
Seus troncos lenhosos recebem pregos
Ao invés de abraços e laços de cordas de cipó
Portanto, há pouca sombra e ar fresco
Em suma, árvores da floresta suportam vendavais
O vento vem como benefício da natureza
A fazê-las se cumprimentarem
Antes da certeza do retorno dos pássaros