NO CARPETE BORDADO
Você já ouviu falar em Pavlov
em Freud
Fred Flintstone
em Proust
em próstata
em Joyce
em Gretchen
Marília Gabriela
frango na panela
rabo de arraia
na antiga mini-saia
você andou na roda-gigante
foi robotizado por um instante
comeu as palavras de Rimbaud
tem saudades do seu avô
já fez análise transacional
pegou dengue
fez do seu fígado
um depósito de cereal
já rezou a algum deus
se fingiu de ateu
cagou e andou para a República
sonhou andar nas ruas de Cuba
comeu pimenta
sabe que não vai passar dos oitenta
você já beliscou um salgadinho
espiou pela fechadura
acreditou em psiquê
riu com Reich
dançou tango com o diabo
já levou aos seus a tv a cabo
você fez de tudo um pouco
só não percebeu que já está louco
e que tudo ao seu redor
é coisa de estado de hipnose
fique frio
não vai dar bode
é só você continuar fingindo
que você é um ser humano lindo
tão lindo que dá vontade de vomitar
no carpete diante dos teus pés
que você mandou teu nome bordar...