Remetente

Escrevo-te oh! Felicidade.

Pra que venhas visitar-me.

Pois é triste a realidade.

E cruel o mundo afora.

Escrevo-te senhor Morfeu.

Pois sei que não percebeu.

Que o sonho que tenho é meu.

E dele te mando embora.

Escrevo-te senhora morte.

Pois sei que não tenho porte.

E por mais que eu me corte.

Meu espirito não irás levar.

Escrevo-te o grande abismo.

Não vencerás meu estoicismo.

Me perdoes o cinismo.

Ao de ti gargalhar.

Escrevo-te oh! Minha criança.

Para que não percas a esperança.

Pois sei que a canoa balança.

E tens medo de afogar-se.

Escrevo-te grande Kairós.

Que desate todos os nós.

E que chegue aquela foz.

Para nesse mar desaguar.

Escrevo-te oh! Liberdade.

Que livre-me de mim mesmo.

Para que não seja fardo o esmo.

E possa enfim me deleitar.