o velho
O velho
Não vê acho que não dá para levar nada dessa vida
Nem um chinelo furado
Ou qualquer coisa encostada em um quanto qualquer
O tempo passa
O tempo arrebata e leva tudo com ele
O tempo desgasta
Deixa a mulher velha
e o bronze gasto
o tempo passa
egana-se quem pensa que pode enganar o tempo
é o tempo passa...
errugam-se os olhos e a beleza
mudam-se todo o corpo e os cabelos
já não se tem leveza nas mãos
me sobraram apenas dentes quebrados
e um jeito um tanto irritado
daqui a tantos anos eu não terei tantos planos
somente sentirei os danos
serei somente um velho
minhas mãos tremulas
quase um penar
eu terei afago da Mão boa que possa me consolar
eu terei descanso nas tardes de meu sono
serão muitas tardes frias e alguns corações vazios
um corpo meio vergado
uma mente que já pensou longe
que viveu além desse horizonte
desse quarto, desse tédio
que não parece ter fim.