TEMPO QUE SE PERDEU...

Agora, não sei que tempo é, sei que não é o meu.

Saudades tenho de um tempo que ainda não chegou.

Sei que se aproxima um tempo, que ainda não é o meu.

Mas já é tarde porque não mais estou.

Estive em todos os tempos, não me vi em nenhum.

Isto sei que foi normal, estava ausente de mim.

Quem sabe o meu tempo já passou e não me viu.

Como poderia eu reconhecê-lo sem almenos o saber?

Nunca o vi antes dentro ou fora.

Queria bater os dedos e chamar o meu tempo.

Gostaria que ele ouvisse e viesse, sem medo.

No afago do momento a procura de mim.

Não há desencontro entre eu e meu tempo.

Apenas, sou aqui e ele é sei lá.

Lá, exatamente, onde não estou.

Talvez queira pra mim algo que é de todos.

Não sei se cada um tem o seu.

A suplica dos tempos é ser e estar no mesmo lugar.

A realidade da vida é ser e não estar ao mesmo instante.

Primeiro, passo eu, depois...,

vem aquele que não conheço.

O meu tempo a me desejar, desesperadamente.

Lentamente vou ao seu encontro, com desvontade.

A minha sina é não abreviar este momento abissal.

Nego este encontro pelos desencontros

de todos os tempos.

Nasci com ele arraigado em mim.

Cresci e nos distanciamos.

Ele continuou do mesmo tamanho.

Eu diminui, meus intervalos de incidência.

Nada é tão estonteante quanto alguém fora do seu tempo.

Em tudo que é tempo, que é lamento, estou eu.

Fora, do tempo que se perdeu.

Marcos Rossi
Enviado por Marcos Rossi em 06/06/2018
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