UM DIA DE CADA VEZ

O céu estava vestido de azul nesse dia

Da estação das flores que principiava,

Fechando a janela por onde entrava

O vento gélido da minguante invernia.

Abria o céu um radiante sorriso azul

De leste a oeste, de norte a sul,

E a paz dessa manhã de anilado céu aberto

Aquecia-me a alma com um abraço fraterno.

Ao meu redor o ambiente refletia o sereno céu

Que acobertava os campos da verdejante alma;

A manhã encerrava um sabor amarelo de mel,

E exalava um cheiro floral de apaixonada calma.

Tudo em mim retratava fielmente o colorido

De safira daquele nascente céu de primavera;

Na verdade, acredito, eu mesmo tinha e era

A beleza natural imanente àquele dia bonito.

As mágoas férvidas congelei no inverno findo,

Delas rancor nenhum no fundo da alma restara;

Como na fachada do céu de ternura primaveril,

No meu coração vicejava um tom de azul limpo,

E em tal semblante de ar assim tão lindo surgiu

A alvura mesma da recém-nascida manhã clara.

Há dias que sem plausível razão

A vida faz-se uma face mais viva e faceira,

E talvez esteja nessa ausência de explicação

A essência da felicidade verdadeira.

Por isso amo tudo que concilia e une,

Por isso vivo um dia de cada vez,

Porque se hoje é dor e azedume, talvez

Amanhã venha a ser flor e perfume.

Carlos Henrique Pereira Maia
Enviado por Carlos Henrique Pereira Maia em 27/05/2018
Código do texto: T6347849
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