Fragmentação
Viver é um atritar que não se sente,
É permanente corrosão sem dor,
Que ceifa átomos, células, tecidos,
Que torna fluido em rocha e rocha em flor.
Por isso até o que se julga inerte,
Pois se converte de forma contida,
Não se esquiva do fluxo do Universo,
Desse processo lapidar da vida.
Eu, que já muitos passos caminhei,
Ora direi que já não vejo em mim
Algo de mim que já deve ir distante,
Por certo errante na fluidez sem fim.
E os rijos cristais, na rocha escondidos,
Serão traídos pela corrosão
– Pelo sol, pela chuva, pelo vento –
E no relento fragmentar-se-ão!
Viver é um atritar que não se sente,
É permanente corrosão sem dor,
Que ceifa átomos, células, tecidos,
Que torna fluido em rocha e rocha em flor.
Por isso até o que se julga inerte,
Pois se converte de forma contida,
Não se esquiva do fluxo do Universo,
Desse processo lapidar da vida.
Eu, que já muitos passos caminhei,
Ora direi que já não vejo em mim
Algo de mim que já deve ir distante,
Por certo errante na fluidez sem fim.
E os rijos cristais, na rocha escondidos,
Serão traídos pela corrosão
– Pelo sol, pela chuva, pelo vento –
E no relento fragmentar-se-ão!