Reversos
Já ouço passos,
Mesmo sem caminhos...
E, então, caminho
Sem mover meu passo.
Passo...
Passo a passo
Como os passos que não dou,
Buscando o novo
Onde o velho habita.
E deixo-me ficar
No voo alto que liberta a alma
E adoça os olhos,
Estendendo o ocaso.
Então eu canto
Quando a ave pousa
Na areia branca
Onde li teu nome.
Contenho os rios
Quando a lira pede
Mas nada posso
Contra as enxurradas
Que vão adiante
Procurar seu leito
Pra, de mãos dadas,
Visitar o mar.
A vida é assim,
Tal como as águas,
Que só se acalmam
Na dimensão maior!
Nesta viagem, neste voo livre
Que me concede a imaginação,
Eu vou vivendo todo o impossível
Pra quem não sabe ver o que não vê.
Se faço versos tão descontraídos
E até contrários, quando se divergem,
É porque os quero livres e dispersos
Mas que se entendam, mesmo que eu não saiba,
E se contemplem como nas poesias...
E se completem como em oração...
Que sejam únicos, mas que sejam belos,
Meus versos loucos, ao falar de si.
Orar poesia é tudo que aprendi
E nela vejo sorrir o Criador!
Eu faço parte deste meu poema
E me integro a tudo que me cerca.
Assim rodando neste mundo vário,
Vou aprendendo a viver de novo.
Preparo a alma como quer a Luz
E entrego o corpo como a terra quer
Tal como o rio corre ao oceano
E ao encontrá-lo, mesmo sem saber,
Terá, enfim, cumprido o seu papel.