A Bordadeira
Como fosse bordadeira de emoções
Comprei tecido, aviamentos e botões
Bordei versos na barra da minha alma
Cerzi sentimentos puídos pela mágoa
Selecionei palavras rendadas a metro
Para enfeitar a saia do meu Universo
Tentei remendar tramas descosturadas
Mas eram dramas e fases ultrapassadas
Recuperei a beleza de algumas peças
A tristeza esvai-se se a poesia começa
Depois arrematei com fino acabamento
Capaz de suportar todo o viés do tempo
Eu, bordadeira, sigo à minha maneira,
bordando e perguntando ao relógio no canto:
- Até quando?