Julho

É julho outra vez...

Três vezes depois,

é julho outra vez...

Julho é sempre julho...

Nós não somos mais

os mesmos de lá...

O orvalho rabiscou

uma lágrima na vidraça...

A vaidade estilhaçou

a coroa de princesa

em mil pedaços...

Os cortes mais profundos

atormentam a alma...

Culpas, meu bem, culpas...

Sabia que a rejeição dói?

Muitos julhos atrás,

inabalável era a fé no amor.

Hoje?

Não resta nem sequer indícios

de que haverá primavera...

Julho é sempre julho...

Aconchegante,

bonito e encantador...

Assim pode se apresentar

um falso amor...

Três julhos atrás

um sorriso foi o estopim.

O estopim do fim.

Do fim da minha inocência...

Do fim da minha vida...

Do fim de uma era...

E sorrateiramente o inverno

se prolongou até se confundir

com as outras estações...

Julho é sempre julho,

Mas minha poesia é espinho.

E espinho não rima com amor.

Minha alma se tortura,

Fiz muitas escolhas erradas,

Não me habilito a nada prometer,

Sobretudo aquilo que não tenho.

Três julhos atrás, eu era capaz...

Eu ainda era gente, podia amar.

Julho é sempre julho...

Meu dom de amar é memória,

Sugiro que façamos

um minuto de silêncio por ele.

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 01/07/2017
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