Dia a dia

Estou aos frangalhos

A carne já rasgada pelos dias que se passaram

A frustração talhada, nessa linha da vida que não ouso conhecer o fim.

Verso pouco e medo tanto

Vírgulas, pontos e coerências que já não conheço mais...

Estou fora do prumo, da pausa, da reta

E tão próxima das coisas que acredito

E da pessoa que penso ser...

As páginas do calendário foram arrancadas as pressas e sem o meu consentimento

Lamento

Principalmente pelas palavras não ditas

E os gestos guardados

Ainda

Que tantos outros tenham sido realizados.

A vontade que tenho é muita para o tamanho e força das minhas pernas

E a sustento e alimento, bem dentro de mim.

Na ausência de outros, aprendi a falar em primeira pessoa.

Às vezes acho que deixei de ser poetisa...

Passei a ser uma relatadora brincante da vida,

Ainda que ela me pese...

Peso, meço, brinco

E me jogo as lógicas desconhecidas dos dias

Para na manhã seguinte

Poder me reinventar.

Ainda que esteja aos cacos.

Nandi Ferreira
Enviado por Nandi Ferreira em 23/12/2016
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