Dia a dia
Estou aos frangalhos
A carne já rasgada pelos dias que se passaram
A frustração talhada, nessa linha da vida que não ouso conhecer o fim.
Verso pouco e medo tanto
Vírgulas, pontos e coerências que já não conheço mais...
Estou fora do prumo, da pausa, da reta
E tão próxima das coisas que acredito
E da pessoa que penso ser...
As páginas do calendário foram arrancadas as pressas e sem o meu consentimento
Lamento
Principalmente pelas palavras não ditas
E os gestos guardados
Ainda
Que tantos outros tenham sido realizados.
A vontade que tenho é muita para o tamanho e força das minhas pernas
E a sustento e alimento, bem dentro de mim.
Na ausência de outros, aprendi a falar em primeira pessoa.
Às vezes acho que deixei de ser poetisa...
Passei a ser uma relatadora brincante da vida,
Ainda que ela me pese...
Peso, meço, brinco
E me jogo as lógicas desconhecidas dos dias
Para na manhã seguinte
Poder me reinventar.
Ainda que esteja aos cacos.