BENDITA ESTRADA
É assim que faço todos os dias,
páginas em branco,
vou depositando poesias,
as faço de modo completo,
ou aos pedaços,
levo-as nos lábios
ou suavemente nos braços,
nunca me canso,
mesmo que chorem ou riam...
É assim que teço cada linha do meu coração
até que se desnudem todas as palavras que digo;
uma a uma, dou-lhes a mão,
me protegem, dou-lhes abrigo...
Caminhamos por lugares especiais,
por desertos que choram sem lágrimas;
nós nunca seremos iguais
às brancas e delicadas páginas,
seremos, sim, poesias que vão pela vida
levando suas almas
como o universo
leva o sol por sua bendita estrada,
infinita, infinda...