Pontes, ou muros?
Houve um tempo que eu quis muito construir pontes.
A conexão com outras almas era-me de extrema importância.
Muitas pontes eu fiz e percorri longos caminhos.
Mas a maioria dessas, foi demolida pelos ventos da falsidade.
Outras corroeram-se pelas intempéries da vida.
E eu sobrevivi à ruína, muitas vezes com o coração igualmente
Em pedaços, mas sem perceber, fui aprendendo a erguer muros.
Fui desejando ser uma ilha, e as pontes, bem, as pontes...
Ainda pego-me construindo-as, mas o esforço é quase vão
Enquanto isso o muro aumenta,o coração endurece
A crença no semelhante esvai-se...
Eu não queria que fosse assim, mas é a vida.
E do lado interno do muro, moro com minha solidão,
Minhas dores, meus defeitos,
Tão condenados pelos perfeitos.
Aqueles seres presunçosos,
Que de tanto superego,
Esqueceram da essência.
De ser simplesmente humanos,
E mesmo assim, fazer reluzir a fagulha
Divina, que deve permanecer em nosso coração.
A minha, tento manter acesa, apesar do vento
Por isso, talvez exatamente por isso, hoje faço muros
Mais do que pontes...