A Fada

Adormeceu sobre o vazio, onde descansava as horas.

Mais uma noite de insónia, projectava o mesmo filme.

Ou um ciclo vicioso, a que não pôde escapar.

Ferida aberta.

As lágrimas evaporam.

Elevam-se à nuvem, de onde caiu.

Num dia distante, o absurdo fez sentido, e a magia perdeu-se, algures pelo caminho.

Psicótica introspecção.

Dança com as ilusões, até que a musica pare.

Até que o silencio das almas morra de sede no deserto.

Não há muralhas ou véus, que tapem a luz no horizonte.

Nada pode esconder o brilho de uma fada que acende a noite.

Extinguiu-se entre os mortais, e já não pode regressar.

Mergulhou num mar de sombras e encontrou na escuridão a solidão que procurava.

Ria de tudo e de todos, do alto do seu pedestal.

Procura uma nova historia, para continuar o caminho.

Cega pela luz do sol, mata as memorias aos poucos.

Amnésia irreversível. Consequência.

O céu azul, era o espaço percorrido pelo olhar.

O vento breve, o ondular manso das aguas, onde um dia se perdeu.

Perdeu as asas, mas não a luz.

Transparente.

Iludiu-se com a beleza da paisagem.

A terra, vista do céu, eternamente em equilíbrio.

Diferente de tudo o que conhecia.

Foi engolida com a atmosfera, como um meteoro.

Estrela cadente.

Sonho realizado.

Anjo caído.

Uma partícula de infinito descendo ao reino dos mortais.

JillyFall
Enviado por JillyFall em 15/05/2008
Código do texto: T990481
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