A Fada
Adormeceu sobre o vazio, onde descansava as horas.
Mais uma noite de insónia, projectava o mesmo filme.
Ou um ciclo vicioso, a que não pôde escapar.
Ferida aberta.
As lágrimas evaporam.
Elevam-se à nuvem, de onde caiu.
Num dia distante, o absurdo fez sentido, e a magia perdeu-se, algures pelo caminho.
Psicótica introspecção.
Dança com as ilusões, até que a musica pare.
Até que o silencio das almas morra de sede no deserto.
Não há muralhas ou véus, que tapem a luz no horizonte.
Nada pode esconder o brilho de uma fada que acende a noite.
Extinguiu-se entre os mortais, e já não pode regressar.
Mergulhou num mar de sombras e encontrou na escuridão a solidão que procurava.
Ria de tudo e de todos, do alto do seu pedestal.
Procura uma nova historia, para continuar o caminho.
Cega pela luz do sol, mata as memorias aos poucos.
Amnésia irreversível. Consequência.
O céu azul, era o espaço percorrido pelo olhar.
O vento breve, o ondular manso das aguas, onde um dia se perdeu.
Perdeu as asas, mas não a luz.
Transparente.
Iludiu-se com a beleza da paisagem.
A terra, vista do céu, eternamente em equilíbrio.
Diferente de tudo o que conhecia.
Foi engolida com a atmosfera, como um meteoro.
Estrela cadente.
Sonho realizado.
Anjo caído.
Uma partícula de infinito descendo ao reino dos mortais.