Tributo a uma noite de luar
Tenho eu perfeita ciência de que poucos se interessarão
Por estas hórridas palavras, escritas no pergaminho das sombras
Com a tinta da solidão
Sei que não ecoará ao longe
O grito de uma alma alucinada
Iluminada apenas pelo luar que banha em prata
As palavras soltas nesses signos vãos
Povoados de angústia e desespero,
Indeléveis cicatrizes nessa sombra de realidade
Gravou-se aqui todo o sofrimento dos gritos que foram calados,
Sepultando com eles as incontáveis lágrimas de alguém que jamais chorou
A melancolia funérea presente nessa noite gélida
Agora começa a invadir minha mente... flutuando agoniadamente
Derrubando minhas fortalezas, adentrando por fim meu coração...
Até mesmo a lua, anjo noturno que vaga pelas trevas das constelações, abandonou-me
Levando com ela o último estilhaço de vida que era para mim aquele luar
Vendo-me na ausência daquela luz quase morta, torna-se impossível continuar devaneando
Restou-me apenas o frio da noite,
O desespero da solidão
E o feitiço das constelações que agora tomam parte da minha mente...