E se não fosse eu... a margem de mim?
Caminho pelas ruas desertas,
Vias nuas e incertas,
A neblina envolve os meus dedos,
E arrepiam meus segredos.
Tua presença sinto ao lado,
Um aperto, tão marcado,
Preenche o meio do peito,
Enquanto me lanço ao leito.
À beira de um rio gelado,
Meu reflexo me deixa calado,
Olhos tristes, perco o rumo,
Entrego-me ao noturno sumo.
E se não fosse eu,
Talvez visse um "eu" tão meu,
Seco, sem alma ou calor,
Na palma, um eco sem cor.
Ao tocar meu rosto marcado,
Minha pele cai no descaso.
Os espelhos já não mentem,
Minha face se desmente.
Desmontada em pedaços perdidos,
Ansiando braços desconhecidos,
Para não sentir a solidão,
E as lágrimas em forma de grão.
Quero reencontrar o fim,
Ver quem sou, dentro de mim,
Uma mulher que escolheu o breu,
Despedindo-se do seu eu.