Ele e eu

Na solidão do deserto

ele pensa em mim,

em minha figura disforme.

Ideias rudes, certamente,

que ainda assim consolam o meu ser

que o carrega dentro do espírito

todo o tempo,

como uma grávida perene,

guardando em seu ventre o feto eterno.

Ter outra alma dentro do corpo

é um remédio contra a opressão do mundo

e contra a tristeza irremediável.

Agora, o universo mítico de Georgia O’Keeffe

adentrou meus sonhos por causa dele.

Sim, neste momento, tudo é deserto,

uma região árida

habitada por infinitos olhos,

mas, mesmo assim, solitária.

De Volta à Poesia
Enviado por De Volta à Poesia em 03/11/2024
Reeditado em 03/11/2024
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