O lobo e o homem
Na floresta da vida há um animal,
Que vaga solitário na imensidão,
A procura de um refúgio matinal,
Pois seu pranto reside na escuridão.
Noites de lua se prosta a chorar uivando,
Sua deserção da matilha involuntária,
Esquecido pelo caminho vai andando,
Desanimado, uma figura ordinária.
Um lobo abandonado em seu destino,
Vive a vontade que não pode encontrar,
Procurando nos espaços seu escrutino;
A matilha que um dia lhe ensinou a lutar.
Ele sabe que quando o inverno chegar,
Seu maior inimigo será a solidão,
A fome e o frio poderão até lhe matar,
Mas na matilha os lobos resistirão.
O espírito lobo no homem habita,
Não é o frio ou a fome que poderão lhe matar,
Na solidão o homem morre do que hesita,
Por achar que nada restou para amar.
O homem apartado de sua matilha,
Chora o sofrer sob a água de seu chuveiro,
E só com ele suas mágoas compartilha,
Fazendo deste espaço seu cativeiro.
O homem e o lobo seguem pela vida,
Egressos da matilha sem compaixão,
Buscam a sobrevida no amor contida,
Querendo da matilha a resignação.