Bela Andressa

Paga-me um vinho, bela Andressa

Que o que vês é um poeta sem amparo,

De bolsos rotos, de peito amuado

Dos amores que tive noite passada.

Estou triste como quem está para morrer,

Sonhei com a dama que sempre requisitei

Deuses sua mão não cederam, e assim sequei

Toda fonte de esperança que tinha por manter.

Dê-me vinho e canta-me, boa Andressa

A canção dos abandonados e dos inválidos;

Salve a alma de quem foi por si condenado

Às galés do egoísmo e ao exílio dos montes.

Triste, amiga, o peito de artista

O fado invencível de ser poeta

Ser maltratado por mil bestas pífias,

E terminar só, andando pelas vias.

Ou fiquemos ébrios juntos, Andressa

Que honremos Baco ombro a ombro

Nas festas alegres e nos banquetes fartos

Que por todo lado havemos de encontrar.

Felizes ainda, com o que nos topemos

Dois perdidos na selva da noite;

Mais contentes que os reis e os magnatas

Mais ébrios que os seres da madrugada.

Pasquali
Enviado por Pasquali em 06/06/2024
Reeditado em 15/09/2024
Código do texto: T8080006
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