NOTURNO

A noite cai perdida

dos fragmentos

de meus olhos quebrados

que pesam como fogo.

Meu corpo quer adormecer,

mas tenho medo

de ficar à mercê

da força invisível

que tortura meus piolhos

ou do companheiro

que espreita a escuridão

com uma enorme pedra.

Uivos e sons

são tudo que tenho,

tudo que não me tiraram

dos tantos anos

que sempre me restaram,

talvez eu não consiga

e tudo que reste de mim

seja uma poça,

só oro pra que meu nome

perdure o tempo

de uma trova

na boca do cão

e nas bordas das asas

dos grilos.

Diego Duarte
Enviado por Diego Duarte em 06/10/2022
Código do texto: T7621436
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