NOTURNO
A noite cai perdida
dos fragmentos
de meus olhos quebrados
que pesam como fogo.
Meu corpo quer adormecer,
mas tenho medo
de ficar à mercê
da força invisível
que tortura meus piolhos
ou do companheiro
que espreita a escuridão
com uma enorme pedra.
Uivos e sons
são tudo que tenho,
tudo que não me tiraram
dos tantos anos
que sempre me restaram,
talvez eu não consiga
e tudo que reste de mim
seja uma poça,
só oro pra que meu nome
perdure o tempo
de uma trova
na boca do cão
e nas bordas das asas
dos grilos.