O Amigo de Todo Mundo
Sou amigo de todo mundo
Ninguém é amigo meu.
Tiro o amargo de mim
Em palavras intragáveis
Crises vis e incontáveis
Aproximam-me do fim
Penso muito no irreal
Deterioro meu apreço
Reflito se mereço
Conhecer o meu final
Sou amigo de todo mundo
Ninguém é amigo meu.
Ofereço sempre afago
Ombro amigo, mil conselhos
Que embaçam os espelhos
Dos reflexos que trago
De minh'alma, já surrada
Embebida pelas chagas
Derrotada pelas mágoas
Mas pra eles, não diz nada
Sou amigo de todo mundo
Ninguém é amigo meu.
Dia surge, ao sol-raiar
Ardendo, sempre em vontade
Urge só necessidade
Ao escurecer chegar
Porém, neste, não me acho
Além de próprio vazio
Aliado a vento frio
Ressoa o meu choro, baixo
Sou amigo de todo mundo
Ninguém é amigo meu.
Só restou a solidão.
Nada mais, solidão.
Nada mais, solidão.
Nada mais
Do que
Solidão.
Sou amigo de ninguém.
Ninguém é amigo meu.