A Maldição dos Desacordados

Turvou o silêncio ao meu redor, abraçou-me com solidez e vi em seus olhos raros uma chispa de horror.

Caiu o silêncio no fim do dia, cortou a luz como um machado áspero, pequeno e solitário.

A maldição dos desacordados respirou forte em meu ouvido, noite fastidia, pedaços de palavras atravessaram aquelas paredes, a esburacaram.

Escorreu o tempo, a bela flor cheia de espinhos tentou firmar no solo, não era a mesma, não rodopiava ao som de cantigas juvenis, não corria, não ficava, sentia com afinco as gotas de chuva percorrerem todo o seu ser, respirava.

Acolheu o silêncio turvo em seus braços, se encolheu diante do encanto do seu olhar tão triste, o abraçou.