Realidade irreal

No peitoril da janela de madeira novamente sentei

E de olhos atentos para não chorar fiquei

Pela primeira vez tive medo da solidão

Solidão essa que tanto me fez companhia

Ensinando-me a viver feliz sozinha

Hoje me apunha-la o peito

Como se quisesse arrancar-me o coração

Assim como o beijo traidor de Judas

Abraçaste-me, fingindo me dar proteção

Ensinando que as máscaras seriam o real

E que a dor eu jamais sentiria

Minha realidade irreal

Cujo você prometeu proteger-me

Com palavras maldosas a dizer

De olhos fechados fiquei

Com as lágrimas escorrendo

Pelas bochechas rosadas

Que na infância eram sempre apertadas

Cachos dourados dançando ao vento

Que usavas para cantar

E dizer-me que sem você

A vida não existia

Rosto banhado com a luz do luar

Cujos olhos deixariam de chorar

Pois foi você solidão que me ensinou a não chorar

Mas, não me ensinou a como não amar

E eu que te amei, como parte de minha alma

Sem você já não me sinto mais nada

Porque solidão, tu eras a minha melhor companhia

E hoje só me trazes o vazio

Vazio, o qual eu não conhecia

Acolhendo-me na cama que sempre tive medo de levantar

Com medo de me machucar

Então com sua adaga de palavras maldosas

Conseguiu o coração, que jurei nunca lhe dar

De corpo vazio então fiquei

Com o rosto banhado pela lua

Que de tão bela, a minha alma entreguei

Nic Vecchione
Enviado por Nic Vecchione em 22/02/2021
Código do texto: T7190840
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