Man on the Moon
Não faço, não quero
Não almejo, nem espero
Não fico, não estou
Sou, apenas sou.
Chão etéreo, flutuo
Densa força, recuo
Mal comum, aceito
Mal interno, rejeito.
Nada mais parece
Nada mais apetece
Não há mais vontade
Baixa gravidade.
Foi-se o bom tempo
Do abraço, do alento
Aguardar, perecer
A anos-luz de outro ser.
Dispo-me de ser terreno
Distancio-me, pequeno
Fito o semblante nu
Do pálido ponto azul.
Vácuo eterno, minha escolta
Penso em não haver mais volta
Melancolia, amiga inata
Do jovem astronauta.
Meus amigos, estrelas
Distante, mal posso vê-las
Orbitam sistemas, planetas
Ascendem imponentes, cometas.
Afasto-me a cada passo
Oxigênio, tesouro escasso
Saudade, veneno letal
Flui na estação espacial.
Pouso, excelso, contra a Lua
Tenho a verdade, nua e crua
Sobre a dúvida, que aqui se encerra:
A minha vida está na Terra.