Anoréxico amor
Minha fome não é de comida
é de desejo pela vida.
Minha fome não é de prazer,
é desejo de me desfazer.
Quem dera esperança fosse de comer,
tenho uma alma a alimentar,
mas sou como um anoréxico
culpado por não saber amar,
descontrolado com tanto léxico
mas é segue ruoco o meu bradar.
Poucos amores me despertam e,
ainda esses, vomito.
E de tanta acidez, dói
engolir qualquer migalha e,
mesmo com tanto critério,
vomito.
E de tanta apatia
nem mesmo as rimas
consigo mais digerir.
Sou um garçom faminto
servindo um banquete,
nauseado pelas sobras abundantes
ao fim do expediente e,
ainda que as saboreasse,
vomitaria.
Vivo com a culpa do
desperdício.
Ao ter amores em mãos,
cuidei para madurar e
apodreceram.
Quem sabe sou eu o alimento,
uma presa nessa cadeia
alimentar e,
ao ser devorado pelos
predadores
sou vomitado.