Eu queria falar de amor, mas só sei falar de dor

Eu queria falar de amor, mas só sei falar de dor.

Por: Marcos Welber

Eu queria falar de amor

Mas só sei falar de dor

Mas também como falar de algo que nunca tive?

E o que é o amor senão dor?

Quem ama, sabe, que o amor, é acima de tudo, medo e dor

Medo de perder

E a dor da perda

Dor da falta

Medo da saudade do que viveu e não vive mais

Saudade do que se perdeu e nunca mais se encontrou

Mas, o que é o amor senão dor?

Dor pura e cristalina

Dor pela saudade do que um dia teve e não tem mais

Dor pelo que sempre sonhou e nunca teve

Todo amor é dor

Todo sonho é dor

Porque todo sonho tem fim

E todo fim é dor.

Mas, eu queria tanto falar de amor

Aquele amor romântico dos livros e filmes

Mas, eu não posso

Não posso falar de algo, que nunca tive e nem nunca vivi

Então falo apenas do amor que é dor

Do amor que é falta

Do amor necessidade

Aquele que chora, que suplica na alma

Que aperta o peito

Sentindo e ouvindo a canção do mais obscuro silêncio

Eu falo do amor que é lágrimas

Que é exclusão

Aquele perdido na escuridão

Que grita e chora sozinho

Tentando desesperadamente

Encontrar luz

Em meio às trevas

Falo do amor, que mesmo sendo grande

Tão grande como a própria vida

Não se sente assim

Falo do amor que é dor grande

Mas se sente o menor dos menores

O pior dos piores

O amor que sangra em cada falta e em cada necessidade não suprida

Do amor que chora

Por todo tempo perdido

Pela existência massacrada

A vida roubada

E os sonhos destruídos

O amor que chora sozinho

Do grito sufocado na garganta

Da alma que chora

Perdida no frio abismo

Onde não há mais nada em que se agarrar

Eu falo do amor que é dor

Mas também é um eterno cair

Um corpo doente e seco lançado num poço sem fim

Pois que para mim, o amor é um eterno cair

O amor que não é amor

Do amor que é acima de tudo dor e mais dor

Aquela dor que não se cura por remédio

Pois que o único remédio é o amor

Mas o amor não existe sem dor

Então não existe remédio nem receita contra essa dor

Porque amor sem dor não existe

Então por mais que eu queira, eu não consigo falar de amor

Eu só sei falar de dor

Dor que é acima de tudo amor

Mas, não um amor romântico

E sim um amor que é ferida

Que é carne chorando, sangrando e padecendo

Um amor que é lágrimas escorrendo

Em dias e noites escuros

Ao som da música fúnebre da solidão: o mais absoluto silêncio

Aquele silêncio que faz o coração quase parar de bater

Aquele que dá um nó na garganta

Que te faz sentir como se tivesse ficado mudo

Como se perdesse a capacidade de emitir sons e palavras

Mas, eu eu só queria falar de amor

Mas quanto mais tento, mas eu falo de dor

Dor que de certa forma também é amor

Amor que chora a perda de um sonho morto

E de uma esperança assassinada todos os dias da minha rélis e insignificante existência

Amor que é também desamor

Que é falta, necessidade

Sentimento de inferioridade

De incapacidade

Amor que é acima de tudo tristeza

Mas é também incerteza

Não sei falar de amor romântico

Pois que não posso falar do que nunca tive nem vivi

Falo apenas do amor que é dor

Aquela dor, que esteve comigo presente, desde o primeiro dia de vida

E que certamente, estará em mim, até o fim

Quando em mim já não existir mais vida

Dor e amor

Amor e dor

Tudo junto

Uma única voz

Um mesmo som

Dois lados da mesma moeda

O amor que vira dor

E a dor que nunca deixou de ser amor

Porque no fim das contas eu descobri

Sim, eu descobri que a dor nada mais é do que a falta de amor.

A dor é apenas e somente a mais pura e genuína falta de amor.

Marcos Welber
Enviado por Marcos Welber em 28/07/2020
Reeditado em 19/11/2020
Código do texto: T7019568
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