Pesadelo

Da existência o pesadelo

na mão cruel do destino,

no desencaixe dos trilhos.

Sem compaixão, sem desvelo,

com dor e com desatino,

da vida anulou o brilho.

Parecia passageiro,

qualquer coisa transitória,

bem simples de suportar.

Mas esse vírus matreiro,

verdade muito notória,

veio nos atormentar.

Chegou a era do medo

de algo que paralisa:

esse mal desconhecido.

Constatamos, muito cedo,

que o sopro da leve brisa

fez-se vento ensandecido.

Já longe se vai o tempo,

bem escassos os encontros,

zerados beijos e abraços.

Vida fez-se passatempo,

solitude, desencontros,

descaminho para os passos.

Das horas vejo a urgência,

procuro alguma saída,

as chaves dessa prisão.

Algo que mude a cadência,

não me deixe assim perdida,

livre-me da solidão.

Luisa Garbazza
Enviado por Luisa Garbazza em 28/07/2020
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