Pesadelo
Da existência o pesadelo
na mão cruel do destino,
no desencaixe dos trilhos.
Sem compaixão, sem desvelo,
com dor e com desatino,
da vida anulou o brilho.
Parecia passageiro,
qualquer coisa transitória,
bem simples de suportar.
Mas esse vírus matreiro,
verdade muito notória,
veio nos atormentar.
Chegou a era do medo
de algo que paralisa:
esse mal desconhecido.
Constatamos, muito cedo,
que o sopro da leve brisa
fez-se vento ensandecido.
Já longe se vai o tempo,
bem escassos os encontros,
zerados beijos e abraços.
Vida fez-se passatempo,
solitude, desencontros,
descaminho para os passos.
Das horas vejo a urgência,
procuro alguma saída,
as chaves dessa prisão.
Algo que mude a cadência,
não me deixe assim perdida,
livre-me da solidão.