real solidão
A solidão se abre para a noite,
Tão real quanto todas as minhas razões abstratas,
Um mistério à vagar longe da carne,
Rosas que encravadas na minha alma florescem,
E se abrem terríveis e fatídicas,
Como um beijo há muito desejado da mulher amada,
Apenas para mostrar a minha verdade solitária,
Meus passos apenas as pegadas do ridículo,
Toda a minha essência apagada,
Numa busca invisível,
Num exercício de futilidade, e fuga, e enganos,
E erros empilhados de forma astronômica,
Vivendo uma vida entre dois mundos,
Contrastes surgem feitos de assombração,
A solidão certamente vai me engolir,
Em uma profunda calmaria de um mar desabitado,
As vontades carecem carregadas de descrença,
Meus sonhos já não transparecem,
Eles se desfazem, perdem o sentido,
Esquecidos de seus sentimentos,
Eles desaparecem,
Solidão, eu tentei meus atos de desapego,
Mas eu fui feito para ela,
Ela é a minha condenação,
Meu drama, minha insatisfação,
Ela é todos os meus destinos, e a minha inexistência,
Ela é a minha solidão conformada,
Ela é real, inevitavelmente real,
Ela é o meu abrigo de eterno luto