Naufrágio Anunciado

Da cordilheira dos meus sentimentos

Contemplo o remanso do meu íntimo

Valso solitário

Nos descaminhos da alma

Maremoto em mim

Quebrando contra fortaleza isolada

Força da natureza acorrentada

Calabouço onírico em que me encontro assim

Vejo-me.

Ergo-me

Mudo em meus prantos

Ouço-me surdo

Sobre o desenlaçe de minhas prisões

Enxergo minha cegueira meridiana em clareza colossal.

Respiro-me

Em mim, sigo.

Em frente, enfrento-me.

Enfermo-me.

Morro-me

Vou-me além das cores da noite que foge.

Junto às estrelas guias

Constelo-me em caminhos sem fim

E no silêncio da galáxia, medito a complexidade da existência

Mas, ao final

Serenamente, contemplo-me

E em ira tranquila

Naufrago-me.

Murilo Laredo
Enviado por Murilo Laredo em 14/06/2020
Código do texto: T6976907
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