Naufrágio Anunciado
Da cordilheira dos meus sentimentos
Contemplo o remanso do meu íntimo
Valso solitário
Nos descaminhos da alma
Maremoto em mim
Quebrando contra fortaleza isolada
Força da natureza acorrentada
Calabouço onírico em que me encontro assim
Vejo-me.
Ergo-me
Mudo em meus prantos
Ouço-me surdo
Sobre o desenlaçe de minhas prisões
Enxergo minha cegueira meridiana em clareza colossal.
Respiro-me
Em mim, sigo.
Em frente, enfrento-me.
Enfermo-me.
Morro-me
Vou-me além das cores da noite que foge.
Junto às estrelas guias
Constelo-me em caminhos sem fim
E no silêncio da galáxia, medito a complexidade da existência
Mas, ao final
Serenamente, contemplo-me
E em ira tranquila
Naufrago-me.