PEDRA
As pedras acolhiam
Os meus pés
Eu pisava
Cuidadosamente
Para não assustar
A luz
Que deslizava
No parapeito
Das janelas
Coloridas
Prateando cada
Minuto
Da minha respiração.
O silêncio fez um
barulho
E dobrou a primeira
Esquina
Da madrugada.
Me prendi em um
Labirinto de
Pedregulhos.
E só achei a saída
Quando estendi
A minha mão para
A lua.
Sentei na calçada
E o murmúrio
Das estrelas
Derrubou o silêncio
O único testemunho
Da desilusão
Que me amargurava.
Abracei a solidão
E tive medo
Do enredo que
Os besouros faziam
Beijando cada lâmina
Das lamparinas.
Alisei as pedras
Da rua sonolenta
Que afugentava
Passo a passo
O meu pensamento.
Abracei a madrugada
Na ressaca
Da solidão
E a lua estendia
Uma peça de linho
Que descia
A escorregar
Dos cachos das
Nuvens abissais.
Eu dobrei a última
Esquina
Era mesmo eu só
A fitar os meus olhos
No lampejo
Das pedras
Daquela rua vazia.
Daniel Gomez.