afago

no limiar da fugidia incerteza

que se apoderara de mim,

pensei em tornar-me algo assim

como um insólito, estranho vivente

que buscasse intransigentemente

ficar bem maior que si mesmo,

sabendo de antemão

que não seria mais que o ponto

final de um certo parágrafo

que não fizesse sentido,

embora fosse concebido

com o presumível conforto

do positivismo de Comte,

que facilitasse o desmonte

de tudo aquilo que fui...

mas longe do exagero,

do esmero dessa falácia,

me vejo como uma acácia

querendo o afago da moça;

e olhe – que ninguém me ouça –,

sem essas coisas não vivo!

Rio, 28/09/2007