A arte

Às vezes

Num breve silêncio

No final de tarde

Se aprochega um desconforto

Parece uma confusão

Uma guerra

O peito dói

O ar começa a faltar

O vento é ameno

E o dia é quente

O mundo parece estranho

Há cor

Mas falta tanto

Falta abrigo

Pra tanta gente

Em susto

Repentino

O demasiado cansaço

O dia é quase torturante

Somente a poesia

Somente gritos arfados e silenciosos

Somente...

Somente...

Assim

A minha alma

Que já quase não se sustenta

Se mantém

E vai além

Ri do sol

E beija a lua

Se intimida com as estrelas

Falsos astros piscam: aviões

As nuvens pesadas

Carregadas da cíclica responsabilidade de precitar

A arte!

De ser ou não ser

Eis o que mais dói

A incerteza...