MINHA SOLIDÃO
Esta solidão que me devora as entranhas
Vem de qual tempo?
Do tempo, que eu não tinha consciência
Ou além, muito além dele?
Esta solidão, que com seus matizes acinzentados, nebulosos
Destrói a alegria do meu interior
De que tempo vem?
Esta solidão do mundo, esta solidão da existência
Esta solidão de saudade, de verdade
Solidão de incertezas, de martírios e medos
De que tempo ela vem?
Esta solidão que me embriaga
Que faz com que os meus caminhos,
Ainda que delineados por sensações felizes,
Encontrem-se diuturnamente num vazio
Que me destrói a alma, que corrói os meus sentidos
E que me deixa entorpecida.
De onde vem essa solidão que aflora em todas as manhãs
E, que ao anoitecer, engole todos os sentidos, todas as sensações
Todos os desejos e sonhos?
De onde vem essa solidão
que dilacera minhas entranhas de forma tão intensa
Desde os primórdios de minha existência?
Que solidão é essa?
Com a qual eu convivo que vai além...
Muito além desta existência...
A solidão da impossibilidade do contato essencial
A solidão que anestesia os meus pensamentos
De onde vem essa solidão... senão de dentro de mim?
Dos questionamentos que tantas vezes eu fiz
E, sem respostas, fui caminhando...
Das incertezas, que tantas vezes eu tive,
E, desnorteada, fui deixando o tempo passar...
A solidão destruiu e afagou tão intensamente os meus pensamentos
Que, quando percebi, ela fazia parte de mim
Que solidão é essa?
Que quanto mais o tempo passa
Mais me consome e introspecta, me enclausura e maltrata
Mas, que solidão é essa
Que também me alegra
Que faz com que eu viva num mundo...
Num mundo tão belo...
O meu mundo
A minha história
A minha essência...
A minha solidão!