Absentia

Você veio através da chuva, molhada, tremendo, fingindo força, eu te abracei. De onde você fugiu?

Os meses passam, as árvores sacodem o pó dourado, criando túneis sob os raios de luz. Você cresceu como o sol espreitando o horizonte. Nosso lar silencioso. Na solidão, não sozinho.

A chuva cai, não a julgo, celebro-lhe rindo e você, tão gentilmente, me aplaude. Meu coração se acalma.

Logo, nossos caminhos se divergem, um viscoso punhal de tempo separa mundos que devemos ir.

Separados estamos, embora não sozinhos.

Nós nos propusemos a reivindicar Tronos.

E agora, vastidão de mim, o insólito sentir do mar existencial.

O mar é tão solitário, e não diferente de mim.

Mas eu prefiro a solidão, melhor que caminhar vazio. Na solidão eu consigo te amar.

Declaro guerra, coloco sua ausência à frente de batalha, espero sua morte; vida, ela Reina. A saudade é Majestade.

Somos magnitudes aspirando o caos, sucumbindo à indolência de nós mesmos.

O flerte é a forma que o amor encontra, e o único êxtase que transita em nossos mundos.

Texto de: *Ronildo Caffé*