REVOLTA-ME

Revolta-me adestrar o tempo e suas sutilezas,

Como um animal mal treinado e indefeso.

Não me resta sofrer nada, senão esse peso,

Dos dias que me restam, de todas as fraquezas.

Sim, me olho como um velho em fenecimento.

Não por maldade, nem por bobagem...

É que não acredito nessa miragem,

Que as pessoas vêm descrevendo.

Solução de todos os problemas, banal.

E todos os problemas são soluções,

Enfim, são todas estas as razões

Para viver num mundo caótico e fatal.

Sorrio diante disto, uma situação confusa.

É que olho para trás e admito:

Talvez todos os textos que tenho escrito,

Pertencem a essa ideia difusa...

E mais que isso, um relato composto

De ideais e promessas, reveladas em vão...

Ainda me coloco diante do exposto,

Para sentir cada detalhe, cada porção.

Temo que nada tenha sentido,

Sendo que nesse temor me construo...

Ah, quão corajoso tenho sido,

Para demonstrar os sentimentos que possuo...

Nem fim, nem começo, nem meio.

Procurei pela paz e ela veio.

Porém, me resta a esperança.

De guardar sempre a lembrança...

Do passado, dos dias distantes...

Das noites caídas, dos sonhos perdidos,

Para poder seguir adiante

E não ser esquecido.