SOLIDÃO DE AMOR
(Sócrates Di Lima)
há pedaços da minha saudade,
espalhadas pelo chão dos meus pés,
Ou quem sabe, no céu da minha efemeridade,
nos lápsos do tempo entre xícaras de cafés.
Fragmentos de sonhos perdidos,
nas breves ilusões e pesadelos,
Como corvos e falcões feridos,
como que o céus nâo os quisesse te-los.
Voam nos labirintos das minhas fomes,
de amores naufragados em longinquas naus!
Sem nomes e sobrenomes,
As dores dos meus instintos maus!
Levanto-me nas minhas manhãs sombrias,
olhando o mundo em branco e preto,
Nem o espelho para mim sorrias,
sabedor do meu caminho estreito.
Mas, há em mim sempre uma fagulha de sorte
Qual tristeza, para sempre, nunca permanece,
Um fio de alegria como o fio de vida e morte,
Nasce ao lado da tristeza que me envelhece.
Tira-me óh aspirador dos póis de minhas gavetas,
As traças peçonhentas dos meus fracassos,
Mortais se façam ao tempo das ampulhetas,
Findando a solidão longe dos seus abraços.
Afasta de mim o cálice do mau querer,
Derrama sobre a terra o licor fúnebre do mau juizo,
Traga de volta, encha o cântaro do melhor prazer,
Em amar, sem pudor o corpo nú do seu paraiso.