REDUTO DO MÍSTICO
Evadiu da civilização para a montanha,
Não encontrou abrigo na urbe hostil,
Não se apaixonou, não chorou, nem sorriu,
Absteve de toda humanidade estranha.
Contemplação da aloexistência mundana,
Por muitos anos, se empenhou, contumaz,
A esperança benigna que hoje jaz,
Desistiu da superficialidade humana.
Com o corpo fatigado de ociosidade,
Perambula, maltrapilho pelo arrebalde,
A mente, por vezes, anuncia, embalde,
Resquícios de fugaz sensibilidade.
Entender o desígnio da divindade,
Quando concebeu para si o homúnculo,
Lateja no ser como furúnculo,
Suprime qualquer lampejo de sobriedade.
Paradoxos, antíteses e contrastes,
Povoam os recônditos do consciente;
Dúvidas e angústias atacam de frente,
Esmagam o sentimento com suas hastes.
A árvore que não concebeu fruto,
A semente, cuja árvore não cresceu,
Daquele que nasceu e não viveu,
A montanha solitária é o reduto.