Ouço
Não nascem as flores
Não há indícios nas coisas
Ainda ouço as chuvas
Que regam o nada
Não vejo as cores
Não percebo o seu corpo
Ainda ouço os passos
Que cegam as minhas pegadas
Não há mais sabores
Não sinto a sede da água do mar
Ainda ouço os gritos
Que rompem as vidraças
Ouço as suas dores
A sua tristeza chegar
E o céu se abrir
Ouço as suas lágrimas
Mas os seus aplausos não posso escutar ...