Eremita

Eremita

Caminho entre veredas escuras

onde a luz da lua não penetra

e as estrelas não são vistas.

Guio-me pela memória da dor,

das cicatrizes latejantes e do sangue vertido.

Apoio-me no velho cajado,

silencioso e fiel companheiro,

única testemunha dos meus vacilantes passos.

Já quebrei espelhos

e esqueci minha imagem.

Guardo todas as respostas

sem jamais proferi-las.

Protejo os segredos e revelações

de curiosos incautos.

Assumo de corpo e alma meu avatar

sem ter receio de sortilégios ou maldições.

Ignoro setas e avisos,

escondo-me na minha improvável caverna

meu mais que perfeito microcosmo

onde eu me basto

e nada mais pode me ferir.

Não mais, nunca mais ...

Leonardo Andrade