E o resto é nada mais...
As vezes é como escrever uma ode a solidão.
Enaltecendo teu riso frio e a mão ausente,
viva apenas pela força da mente.
É como acordar nas manhãs de Domingo
e sentir o Inverno deitado ao lado de si,
como alma pesarosa em desalento eterno.
Respirar o mais puro ar do mundo,
ir ao topo do Himalaia,
conhecer a fauna em flor na Patagonia,
Mas não poder sentir o vazio se calar.
Mergulhar no meio do encontro das águas
e não se sentir o homem mais feliz do mundo.
Tem sempre um buraco negro singrando no peito,
apagando as estrelas
que aos poucos insistem em se aproximar.
Tem a dor que não machuca e não sangra.
O conhecimento do verbo dito
e da teoria pregando cordas entrelaçadas
e tão distantes ao mesmo tempo.
Tem esse amor sem dono no peito,
Que faz o coração bater devagar,
adormecido por tempo indeterminado.
E o quinhão de empecilhos que o transforma
na fortaleza de pedra gélida.
As cores se embaçam diante de uma íris sem brilho
enquanto desbotam com naturalidade,
deixando sem pudor, os anos que ainda restam.
Um dia mais...
Uma cadeira de balanço que range sua melodia
e se mistura ao vento como única canção.
E assim será mais um adeus.
Outra pergunta sem resposta,
o cabelo alvo e rarefeito.
Uma ninfa vestida em negro a sorrir e estender a mão.
Será que há alguém, por aí?